Quando ouvimos o nome Justin Roiland (co-criador de Rick and Morty) e Mike McMahan (roteirista e produtor), nossa mente automaticamente voa para realidades alternativas, viagens interdimensionais e um cientista maluco que, provavelmente, está explicando física quântica enquanto arrota.
Mas, em 2020, essa dupla decidiu criar algo diferente: uma nova série animada de ficção científica que, ao mesmo tempo, é familiar e completamente nova. E assim nasceu Solar Opposites.
Premissa: Um grupo de alienígenas foge do seu planeta natal destruído e acaba morando no subúrbio americano, tentando se adaptar à vida humana… enquanto se mete nas situações mais absurdas possíveis.
Apesar de ter recebido críticas positivas, Solar Opposites ainda vive na sombra de Rick and Morty, muitas vezes sendo tratada como “a série do irmão do meio” — aquela que é boa, mas que todo mundo esquece de mencionar.
Hoje vamos entender por que essa série é tão injustamente subestimada e por que ela merece mais atenção do que recebe.
1. Um Elenco de Personagens Inesquecíveis

Enquanto Rick and Morty foca na relação avô-neto, Solar Opposites trabalha com uma “família alienígena improvisada” formada por:
- Korvo – O cientista ranzinza, que odeia praticamente tudo na Terra e sonha em consertar a nave para ir embora. Ele é o cérebro do grupo, mas também o mais socialmente inepto.
- Terry – Alegre, consumista e completamente fascinado pela cultura pop humana. Enquanto Korvo tenta arrumar tudo, Terry quer comprar uma coleção de bonecos do McDonald’s.
- Yumyulack – Adolescente alienígena com espírito de cientista maluco, adora “estudar” humanos… encolhendo-os e colocando dentro de um terrário gigante.
- Jesse – A mais empática do grupo, tentando entender os humanos e se adaptar, mesmo que às vezes acabe sendo influenciada demais por eles.
- O Pupa – Uma criatura fofa (e aparentemente inofensiva) que, um dia, vai se transformar em algo colossal e destruir/transformar o planeta. Por enquanto, só gosta de comer coisas aleatórias.
O charme: O contraste entre o pessimismo de Korvo e o entusiasmo de Terry é o motor cômico principal, enquanto Yumyulack e Jesse vivem a “fase escolar alienígena”, lidando com bullying, amizade e dilemas adolescentes — só que com armas de raios e planos de dominação mundial.
2. A parede: Uma Série Dentro da Série

O ponto mais surpreendente de Solar Opposites é A Parede, uma subtrama que começou como piada e se transformou numa história paralela complexa.
Tudo começa com Yumyulack e Jesse encolhendo humanos que os irritam e colocando-os em um terrário gigante na parede da casa. Mas, com o tempo, essa “coleção de mini-humanos” desenvolve uma sociedade própria, com:
- Hierarquia social.
- Conflitos políticos.
- Resistência contra governos autoritários.
- Personagens recorrentes que têm arcos dramáticos reais.
Por que funciona tão bem:
- É praticamente um The Walking Dead em miniatura, mas sem zumbis — e com uma pegada de distopia sci-fi.
- Os episódios da Parede chegam a ser mais sérios e tensos do que a trama principal, criando um contraste genial.
- A narrativa paralela ganhou tanta popularidade que alguns fãs assistem só para acompanhar essa história.
- Easter Egg legal: Os criadores revelaram que já têm um final planejado para a Parede, independente de quando a série acabar.
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3. Humor Inteligente e Focado em Choque Cultural

Se Rick and Morty brinca com conceitos complexos de física e filosofia, Solar Opposites é mestre no humor de adaptação: aliens tentando entender (e muitas vezes deturpar) costumes humanos.
Exemplos de episódios icônicos:
- “The Unstable Grey Hole” – O grupo cria um buraco negro portátil para jogar o lixo… mas acabam criando um problema intergaláctico.
- “The Rad Awesome Terrific Ray” – Tentando “melhorar” as pessoas, eles disparam um raio que transforma todo mundo em versões extremas de si mesmas.
- “Enchilada Planet” – Episódio que satiriza franquias de restaurantes e o vício humano em fast-food, com direito a uma batalha cósmica por comida mexicana.
Essas situações permitem críticas sociais afiadas sem deixar o clima pesado, mantendo a pegada de comédia leve.
4. Criatividade Visual e Estrutural

Solar Opposites é um laboratório de ideias visuais:
- Invenções absurdas que mudam a física da realidade.
- Episódios temáticos (Natal, Halloween, Dia dos Namorados) que funcionam como especiais independentes.
- Narrativas não lineares e mudanças bruscas de estilo — de sitcom tradicional a drama épico, dependendo da subtrama.
Um detalhe interessante: A série adora brincar com o formato de “episódio filler” e, às vezes, esconde piadas internas só perceptíveis para quem reassiste.
5. Menos Nihilismo, Mais Diversão

Ao contrário de Rick and Morty, que frequentemente mergulha no pessimismo e no “nada importa”, Solar Opposites mantém uma energia mais otimista.
Os personagens podem ser egoístas e desastrosos, mas ainda se importam uns com os outros — e isso cria momentos inesperadamente fofos (entre explosões e guerras alienígenas, claro).
Resultado:
- Atrai público que acha Rick and Morty pesado demais.
- Permite que a série explore mais arcos emocionais, como amizades e pertencimento.
Por que É Subestimada?
Os motivos para Solar Opposites não ter estourado como Rick and Morty:
- Plataforma limitada: lançada no Hulu, que não tem tanta penetração internacional.
- Expectativa desalinhada: fãs esperavam o mesmo tom e complexidade de Rick and Morty, e estranharam algo mais leve.
- Marketing tímido: a série nunca recebeu campanhas massivas de divulgação.
Mas, para quem supera essas barreiras, a recompensa é uma série com identidade própria, que sabe equilibrar comédia e sci-fi sem precisar copiar ninguém.
Solar Opposites é como um tesouro escondido na prateleira das animações adultas: quem encontra, se apaixona; quem não dá uma chance, nem imagina o que está perdendo.
Com personagens carismáticos, um humor que mistura absurdos alienígenas com sátiras humanas, e uma subtrama (O Muro) digna de série própria, a produção prova que não vive à sombra de Rick and Morty — ela brilha com luz própria.
Se você curte ficção científica, comédia inteligente e histórias que conseguem ser insanas e emocionantes ao mesmo tempo, é hora de abrir a porta da nave e deixar esses alienígenas invadirem sua tela. Quem sabe, no fim, você até queira se mudar para dentro de um terrário distópico só para acompanhar de perto o caos.
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