Se tem uma coisa que Matt Groening (criador de Os Simpsons e Futurama) sabe fazer, é pegar ideias absurdas e transformá-las em universos totalmente críveis.
Em Futurama, o impossível não é só possível — é cotidiano. Tubos de transporte cruzam a cidade como se fossem metrôs verticais, robôs têm crise existencial, animais alienígenas funcionam como bateria e existe até pizza que vem com cérebro extra (não vamos entrar nesse mérito culinário).
Mas aqui vai o ponto curioso: muitas dessas tecnologias, que parecem exagero de roteiro, já estão sendo exploradas pela ciência real. O que antes era apenas piada de ficção científica, hoje é estudo sério em laboratórios.
Neste guia, vamos relembrar as invenções mais malucas de Futurama e mostrar como cientistas do século XXI estão, de um jeito ou de outro, tentando transformá-las em realidade. Prepare-se para ver que o futuro já começou… e ele tem um quê de “Planet Express”.
1. Tubos de Transporte

Na série: A rede de tubos de transporte pneumáticos é tão comum no século XXXI quanto o ônibus ou o metrô no nosso tempo. As pessoas entram, são sugadas e depositadas no destino sem trânsito, sem paradas e com uma boa dose de vertigem gratuita.
Na vida real:
- O projeto Hyperloop, idealizado por Elon Musk, é o exemplo mais famoso, usando cápsulas que viajam em alta velocidade dentro de tubos com pressão controlada.
- Além disso, algumas empresas testam sistemas pneumáticos para transporte de cargas leves — exatamente como os tubos de correio internos de bancos e hospitais, mas em escala gigante.
Desafio real: A física permite, mas segurança e conforto ainda são barreiras. A alta velocidade exige controle extremo para evitar “viagens de catapulta”.
Curiosidade: A ideia de “correios humanos” existe desde o século XIX, quando engenheiros vitorianos desenharam projetos de cidades com tubos pneumáticos para transporte de pessoas.
2. Casas Dobráveis
Na série: Em um universo onde espaço é luxo, Futurama mostra casas e apartamentos que literalmente se dobram, comprimem ou “sumonizam” móveis para liberar espaço.
Na vida real:
- O movimento tiny house e a arquitetura modular estão criando casas dobráveis, contêineres habitacionais e móveis retráteis para ambientes mínimos.
- No Japão, já existem apartamentos de 10 m² totalmente equipados com camas embutidas, mesas que viram parede e cozinhas escondidas.
Conexão direta: A ideia dialoga com soluções reais para problemas urbanos, como o aumento populacional e o preço do metro quadrado.
3. Máquina de Trocar Corpos

Na série: Quem nunca quis passar um dia no corpo de outra pessoa? Em Futurama, uma máquina faz exatamente isso — e claro que vira um festival de confusão e identidade trocada. Episódio 10 da 6 temporada intitulado como “o prisioneiro de benda”.
Na vida real:
- Experimentos com realidade virtual de corpo inteiro permitem que uma pessoa “veja” pelos olhos de outra usando sensores e câmeras.
- Na neurociência, estudos sobre “transferência de consciência” e leitura de padrões neurais são passos iniciais para entender como “mover” nossa percepção para outro corpo.
Ponto filosófico: Esse tipo de tecnologia levanta questões éticas sobre identidade, consentimento e até crimes cometidos durante a troca.
4. Cheiroscópio

Na série: Uma TV que transmite aromas junto com imagem e som. Ótima para programas culinários, péssima para documentários de esgoto espacial.
Na vida real:
- Protótipos de TVs e VR com dispersores de aromas já foram criados, especialmente no Japão e Coreia do Sul.
- Em 2020, pesquisadores testaram um dispositivo capaz de liberar cheiros específicos durante filmes e jogos, sincronizando com a cena.
Problema: O cheiro é ótimo para imersão, mas nem todo odor é bem-vindo — imagine assistir um filme de terror com ambientação nojenta?!…
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5. Animais de Bolso
Na série: Pequenas criaturas alienígenas como Nibbler que cabem no bolso, funcionam como mascotes e, às vezes, como fonte de energia (sim, ele literalmente come tudo e gera energia escura).
Na vida real:
- Não temos “pets alienígenas”, mas a robótica já criou mini pets robôs com comportamento programado e inteligência artificial básica.
- Impressoras 3D já constroem pequenos robôs bioinspirados que se movem como animais.
Detalhe: Nibbler não é só fofinho — ele é peça-chave de uma das maiores revelações de toda a série.
6. Câmara de Criogenia
Na série: O ponto de partida de Futurama: Fry cai acidentalmente numa câmara criogênica e acorda mil anos depois.
Na vida real:
- Empresas como Alcor oferecem preservação criônica de corpos e cérebros, apostando que no futuro será possível reanimá-los.
- Técnicas modernas já permitem congelar e reviver organismos simples, como vermes e embriões humanos.
O obstáculo: O congelamento causa formação de cristais de gelo que destroem células. Soluções como vitrificação tentam contornar isso.
7. Móveis Vivos
Na série: Sofás, mesas e até tapetes que têm vida própria, podendo mudar de forma e até “andar” para onde são necessários.
Na vida real:
- Robótica doméstica e design de materiais responsivos já estão criando móveis que se adaptam automaticamente ao ambiente.
- Pesquisas em “soft robotics” prometem objetos flexíveis que mudam de forma sob comando elétrico.
8. Entregas Interplanetárias Instantâneas

Na série: A Planet Express entrega pacotes para qualquer planeta em questão de horas, enfrentando meteoros, alienígenas e burocracias intergalácticas.
Na vida real:
- Empresas como SpaceX já planejam logística para entregas entre órbita e Terra.
- O uso de foguetes reutilizáveis pode baratear o envio de cargas para colônias lunares ou marcianas.
Futurama é um exemplo perfeito de como a ficção científica pode inspirar a ciência real. Muitas das ideias que pareciam pura comédia em 1999 hoje estão em desenvolvimento em laboratórios, startups e universidades.
Os tubos de transporte estão virando realidade em testes de alta velocidade. As casas dobráveis já são tendência no mundo todo. Experiências de troca de corpo com VR começam a surgir. E quem sabe, em um futuro não tão distante, poderemos até guardar nosso sofá no bolso — ou pelo menos um pet alienígena que se alimenta de lixo e gera energia limpa.
No fim, a grande lição de Futurama é que o futuro não precisa ser cinza e entediante. Ele pode ser divertido, colorido, um pouco caótico… e cheio de invenções que fazem a gente rir enquanto pensamos: “Pera, isso poderia mesmo existir?”.
E, se depender da criatividade humana, cedo ou tarde, vamos todos embarcar num tubo de transporte direto para a casa dobrável do nosso animal de bolso.