Depois de tantos anos no ar, poucos shows conseguem manter a qualidade cômica como Os Simpsons. Se na primeira parte listamos episódios que entraram para o hall da fama da comédia animada, agora trazemos mais cinco que reforçam o gênio criativo da série. Seja por meio de formatos diferentes, sátiras afiadas ou momentos completamente insanos, esses episódios mostram o quanto Os Simpsons sabem nos fazer rir — e pensar.
6. 22 Short Films About Springfield (Temporada 7, Episódio 21)
Este episódio é uma das experiências narrativas mais criativas de Os Simpsons — e um dos favoritos entre os fãs. Inspirado no filme “Thirty Two Short Films About Glenn Gould”, o episódio abandona a fórmula tradicional para apresentar uma série de vinhetas curtas, cada uma focando em um personagem ou situação peculiar da cidade de Springfield. O resultado é uma verdadeira celebração do universo expandido da série, permitindo que personagens secundários tenham seus próprios momentos de brilho.
Entre os segmentos mais memoráveis está o icônico “Steamed Hams”, protagonizado pelo diretor Skinner e o superintendente Chalmers. A tentativa desastrosa de Skinner de impressionar seu chefe com um almoço caseiro (que na verdade são hambúrgueres do Krusty Burger) gera uma das cenas mais absurdamente hilárias da série, repleta de frases que se tornaram memes na internet, como “Aurora Borealis? Nesta época do ano, nesta hora do dia, nesta parte do país, localizada inteiramente em sua cozinha?”. A popularidade desse trecho cresceu exponencialmente ao longo dos anos, com paródias, remixes e montagens circulando em massa nas redes sociais.
Mas 22 Short Films About Springfield vai além do viral: ele mostra a riqueza e complexidade da comunidade em que a série se passa. Ao invés de focar exclusivamente na família Simpson, o episódio oferece uma visão panorâmica da vida cotidiana em Springfield, com humor que varia do sutil ao escrachado, do realista ao surreal.
Esse formato episódico também foi elogiado pela crítica por demonstrar a habilidade dos roteiristas em construir piadas curtas, rápidas e eficazes, mantendo ao mesmo tempo um tom coeso e cômico. É um exemplo de como Os Simpsons conseguiram inovar dentro da própria estrutura — e fazer disso uma das maiores forças do episódio.
Considerado um clássico cult dentro da série, 22 Short Films About Springfield é ao mesmo tempo um experimento bem-sucedido e uma carta de amor aos personagens que fazem de Springfield um dos lugares mais caóticos e encantadores da televisão.
7. Last Exit to Springfield (Temporada 4, Episódio 17)
Considerado por muitos críticos e fãs como o ápice da era de ouro de Os Simpsons, “Last Exit to Springfield” é um dos episódios mais aclamados da história da série — e com razão. A trama gira em torno de Homer, que por acaso se torna presidente do sindicato dos trabalhadores da usina nuclear de Springfield. Seu objetivo? Lutar pela manutenção do plano odontológico que Lisa precisa desesperadamente, após ela descobrir que precisará usar aparelho nos dentes.
O episódio é uma verdadeira aula de timing cômico, sátira política e domínio de estrutura narrativa. Uma das piadas mais lembradas é o looping mental de Homer entre “plano dentario!” e “Lisa precisa de aparelho!”, uma sequência que se tornou lendária por seu uso cômico do repetitivo. Mas o roteiro vai muito além dessa gag: ele oferece uma crítica ácida à manipulação sindical, ao capitalismo corporativo e ao absurdo das estruturas de poder — tudo isso embrulhado em situações hilárias.
Além disso, “Last Exit to Springfield” é visualmente inventivo e cheio de referências culturais, incluindo paródias de filmes como “Batman”, “Como o Grinch Roubou o Natal!” e “Um Estranho no Ninho”. A diversidade e densidade das piadas por minuto impressionam até os espectadores mais atentos.
A forma como o episódio consegue equilibrar crítica social, humor nonsense (bobagem) e um arco emocional honesto (afinal, Homer faz tudo isso por Lisa) é o que o torna tão especial. Em listas como a da Semanal de Entretenimento e da Empire, este episódio frequentemente aparece como o número 1 entre os melhores de todos os tempos.
Last Exit to Springfield não é apenas um episódio engraçado — é uma obra-prima da televisão animada, que prova o porquê de Os Simpsons terem se tornado uma referência cultural duradoura.
8. Deep Space Homer (Temporada 5, Episódio 15)
“Deep Space Homer” (Homer astronauta) é um dos episódios mais icônicos e ambiciosos da série, combinando o absurdo do cotidiano dos Simpsons com o espetáculo da exploração espacial. Na tentativa de reconquistar o interesse do público, a NASA decide enviar um “cidadão comum” ao espaço — e, claro, esse cidadão acaba sendo Homer Simpson.
A premissa por si só já é hilária, mas o episódio se destaca pela forma como leva o humor da série literalmente para outro nível. A sátira ao sensacionalismo da mídia, à burocracia governamental e à própria ideia de heroísmo é feita com precisão e inteligência. A escolha de Homer como astronauta é absurda e, ao mesmo tempo, incrivelmente coerente dentro do universo da série.
A sequência em que Homer flutua na nave espacial enquanto come rosquinhas em gravidade zero, tornou-se um momento clássico da televisão e é frequentemente citada como uma das cenas mais memoráveis de Os Simpsons. A participação do astronauta Buzz Aldrin e do repórter Kent Brockman também adiciona camadas de comédia e sátira sobre a imprensa e o culto aos heróis.
Além das risadas, o episódio consegue entregar uma boa dose de aventura, algo incomum para a série, que geralmente se mantém no âmbito doméstico. Ainda assim, ele nunca perde o tom: mesmo diante do caos de uma missão espacial desastrosa, Homer continua sendo o mesmo pai desastrado, egoísta e adorável de sempre.
Homer Astronauta é frequentemente listado entre os melhores episódios da série por seu equilíbrio entre comédia visual, sátira social e momentos verdadeiramente memoráveis. É um exemplo perfeito de como Os Simpsons conseguem transformar o ordinário em extraordinário — e o extraordinário em hilário.
9. Homer at the Bat (Temporada 3, Episódio 17)
“Homer at the Bat” (vocações diferentes) é um marco não só para Os Simpsons, mas também para a cultura pop dos anos 90. O episódio acompanha o Sr. Burns ao transformar o time de softball da Usina Nuclear de Springfield em uma equipe de estrelas ao recrutar nove jogadores profissionais da Major League Baseball. O motivo? Vencer uma aposta pessoal.
O que torna este episódio tão memorável não é apenas a premissa absurda, mas a forma genial como mistura o cotidiano dos personagens com a grandiosidade do esporte profissional. A sátira à obsessão por vencer, à incompetência gerencial de Burns e às celebridades que surgem do nada para resolver problemas comuns é feita com o humor afiado característico da série.
Cada jogador convidado — incluindo nomes como Don Mattingly, Ken Griffey Jr., José Canseco e Darryl Strawberry — acaba envolvido em situações ridículas que os impedem de jogar, desde maldições bizarras até acidentes surreais. Isso culmina com Homer, o menos talentoso do time, se tornando herói por acidente ao ser atingido por uma bola e garantir a vitória.
Além das piadas certeiras e do roteiro criativamente caótico, o episódio é lembrado com carinho pelos fãs de beisebol e de animações. As participações especiais foram genuinamente engraçadas e bem integradas ao enredo, diferentemente de muitas inserções de celebridades em outras produções.
“Homer at the Bat” foi também o primeiro episódio da série a alcançar o topo da audiência na semana de sua exibição original, e ajudou a consolidar Os Simpsons como uma força criativa e cultural. Hoje, ele é frequentemente listado entre os melhores episódios da série, tanto por seu valor humorístico quanto por sua importância histórica na evolução da animação televisiva.
10. Homer the Great (Temporada 6, Episódio 12)
Homer the Great (o grande) é um dos episódios mais emblemáticos e hilários de Os Simpsons, conhecido por satirizar sociedades secretas e a busca humana por pertencimento. A trama gira em torno de Homer descobrindo que vários de seus colegas — incluindo Lenny, Carl e até seu próprio pai — fazem parte de uma organização misteriosa chamada Stonecutters (Pedreiros).
Sentindo-se excluído, Homer dá um jeito de se tornar membro e, após uma sequência de absurdos, acaba sendo declarado “O Escolhido” por possuir uma marca de nascença sagrada. A partir daí, o episódio mergulha em uma série de situações cada vez mais ridículas, incluindo banquetes, rituais e até uma canção cultuada que se tornou lendária entre os fãs: “We Do (The Stonecutters’ Song)”, uma paródia brilhante das músicas de fraternidades secretas.
A genialidade do episódio está na forma como equilibra crítica social com humor escancarado. Os Stonecutters funcionam como uma sátira às teorias da conspiração, maçonaria, clubes exclusivos e à ideia de que grupos secretos controlam tudo. Ao colocar Homer no centro disso, a série mostra como até as organizações mais “respeitadas” podem ser, na verdade, absurdamente infantis.
Além da comédia visual, o episódio brilha nos diálogos rápidos, nas referências pop e na capacidade de transformar um comentário sobre privilégio social em uma comédia icônica. Homer the Great é considerado um dos melhores episódios de todos os tempos por sua criatividade, ritmo e pela forma como capturou a essência anárquica da série.
É um lembrete de que, mesmo no topo, Homer sempre dá um jeito de estragar tudo — e nos fazer rir com isso.
Esses episódios exemplificam o auge criativo de Os Simpsons, combinando humor inteligente, sátira social e momentos inesquecíveis. Se você está procurando por risadas e uma amostra do melhor que a série tem a oferecer, esses episódios são um excelente ponto de partida.
📌 Conclusão – Springfield Sempre em Alta
A força dos Simpsons está em sua capacidade de se reinventar e ainda assim manter sua essência. Os episódios desta segunda parte são uma prova de como o humor pode ser criativo, ousado e inesperadamente profundo. Para os fãs de longa data ou para quem está apenas começando a explorar a série, essas histórias são a confirmação de que o riso em Springfield nunca tem data de validade.